Dúvidas

Tirando dúvidas: Mastologia

O que é Mastologia?

A mastologia é uma especialidade médica relativamente jovem que visa diagnosticar, tratar e reabilitar as doenças da mama em ambos os sexos. Atua nas áreas clínica e cirúrgica. Exerce funções com intersecção de limites de atuação com radiologistas, cirurgiões plásticos, ginecologistas e oncologistas.

Então, o mastologista não trata só câncer de mama?

Não! Talvez o câncer de mama seja o problema que chame mais a atenção, porém não é o mais frequente. São muito comuns problemas associados com dores nas mamas, as chamadas mastalgias. Podem ocorrer inflamações, mastites, em uma ou ambas as glândulas mamárias, as quais merecem atenção clínica e até cirúrgica. O mastologista é responsável por recuperar a auto-estima da mulher em todos os sentidos, por isso cirurgias para devolver sua confiança como correções de assimetria, reduções ou aumento mamário também fazem parte de suas atividades. Além disso, existem aspectos relacionados a sexualidade e que não devem ser esquecidos e podem ser também tratados por um mastologista. Homens podem apresentar um aumento mamário indesejado, ginecomastia ou lipomastia, e que também precisam de tratamento. Por outro lado, há cirurgias associadas à condições transgênero, ou seja homens que desejam ter suas mamas ou mulheres que desejam retirá-las em busca de seu verdadeiro eu interior. Por fim, existem as mal formações congênitas, como a Síndrome de Polland, e  pacientes que por algum motivo perderam sua ou suas mamas, o que exige do mastologista uma atenção especial, podendo ser responsável por reconstruções mamárias nas suas diversas técnicas possíveis.

Poderia explicar melhor sobre ginecomastias?

Com prazer! As mamas dos homens podem estar aumentadas devido ao excesso de glândulas mamárias. O problema atinge uma ou as duas mamas.

Isso ocorre principalmente na adolescência e na senilidade por desequilíbrios hormonais. Isso pode ser desagradável principalmente para um jovem que fique com vergonha de tirar a blusa na frente dos outros, criando um problema de social.

Na adolescência, o fato envolve o aparecimento tardio da testosterona em relação ao hormônio estrogênio; já na velhice decorre da queda da testosterona. A ginecomastia também pode ter como causas a quimioterapia, o uso de anabolizantes, uso de antidepressivos e outros medicamentos, além do tratamento hormonal para  câncer de próstata.

É importante o médico diferenciar entre o aumento da glândula mamária e um acúmulo de gordura, chamado lipomastia. A cirurgia para a doença é simples, com fácil recuperação que dura de uma a três semanas. Caso seja um nível simples de ginecomastia, remove-se apenas o acúmulo de glândula e, se lipomastia, apenas gordura. Muitas vezes, essa remoção é feita apenas com uma cânula de lipoaspiração. Em pacientes que apresentam um nível mais sério da patologia,  é necessário retirar pele, gordura e tecido mamário. Mas mesmo assim, a cirurgia não é complicada e em pouco tempo o paciente estará reestabelecido com uma vida social normal.

O que é o câncer de mama?

A palavra câncer representa o crescimento desorganizado de determinadas células em nosso corpo. Podem crescer tanto que há chance de invadirem ou se espalharem por outras partes e até causar nossa morte. Quando estas alterações começam nas mamas é o que chamamos câncer de mama.

Que fatores podem causar câncer de mama?

Toda mulher nasce com risco de 13% de desenvolver a doença durante sua vida. Portanto o sexo está em primeiro lugar como fator de risco. Basicamente o câncer de mama surge por uma alteração nos genes das células, ou seja, nas informações que controlam as células e definem nossas características. Estas informações podem ser alteradas pela exposição a situações do meio ambiente como irradiação, tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas, ou hábitos de vida não saudáveis como sedentarismo, alimentação irregular e pouco saudável, entre outros. Podem, ainda, trazer informações erradas desde o nascimento, neste caso chamamos de mutações hereditárias ou familiares. As alterações ou mutações hereditárias estão relacionadas com condições familiares ou seja passando de geração em geração dentro da família de 5-30% das vezes, quando se fala sobre câncer de mama.

Quais o sintomas do câncer de mama?

O câncer de mama na maioria das vezes passa desapercebido no seu início, sem quaisquer sintomas. Por isso a importância da mamografia que consegue detectar alterações ainda muito pequenas, facilitando o diagnóstico precoce. Conforme há o crescimento da doença ela se manifesta principalmente como um nódulo na mama que pode ou não estar associado a alterações na pele, como mudanças na cor da pele ou mudança na textura da pele ou ainda presença de abaulamentos ou retrações. Algumas vezes, mais raras, pode ocorrer como um quadro de inflamação ou, ainda, como um nódulo apenas na axila. Também deve-se prestar atenção a quaisquer alterações apresentadas pelo bico da mama ou se há secreções saindo por ele, principalmente se o líquido for sanguinolento ou com aspecto de água suja.

Como prevenir?

Na verdade não se pode prevenir o câncer de mama, exceto por atitudes de melhora de nossos hábitos de vida e menor exposição de nosso organismo a condições que poderiam alterar nossas células. Contudo, o diagnóstico precoce pode ser realizado e é um grande aliado. Diagnóstico precoce significa descobrir a doença o mais cedo possível. Desta forma o tratamento tende a ser menos agressivo e mais efetivo. O principal exame a ser feito é a mamografia, pois pode detectar alterações microscópicas no seu início. O ultra-som é um exame complementar, assim como a ressonância e devem ser indicados de maneira oportuna por seu mastologista.

Qual profissional deve ser procurado?

Qualquer médico pode ser procurado para um primeiro atendimento. Normalmente as mulheres possuem maior acesso ao ginecologista, quem, ao diagnosticar alterações suspeitas na mama de sua paciente, deve encaminhá-la ao Mastologista. A mastologia aborda as doenças da mama. É uma especialidade jovem da medicina que mostra ser uma área de intersecção entre a ginecologia, radiologia, oncologia e cirurgia plástica.

As mamas são símbolos de feminilidade, maternidade, sexualidade, enfim representam a mulher na sua essência. Contudo, homens também podem apresentar doenças na mama e também podem precisar do mastologista.

De maneira geral, o mastologista, deve ser responsável por acolher as queixas relacionadas aos problemas das mamas e tentar aliviar da melhor forma as aflições apresentadas, que podem variar desde uma simples dor, passar por assimetrias estéticas, esclarecer nódulos, tratar o câncer e reconstruir uma mama.

É seu papel, ainda, tentar esclarecer dúvidas, estimular o diagnóstico precoce, indicar e acompanhar abordagens multidisciplinares, orientar sobre exames diagnósticos e procedimentos cirúrgicos e, claro, tranqüilizar a paciente enquanto se procura a melhor conduta e, depois, segui-la durante a vida.

Se houver qualquer dúvida em relação às mamas, procure um mastologista!

É uma doença facilmente tratável?

Sim, quanto mais precoce mais fácil será seu tratamento. Nos dias de hoje devemos individualizar cada caso e tentar fazer o melhor para cada situação. É como jogar uma partida de xadrez e deveremos mover nossas peças para cada partida, conforme os detalhes da doença forem revelados, a fim de dar o xeque-mate na doença. O mastologista será responsável por traduzir o que está acontecendo com cada paciente e guiá-la para o melhor tratamento.

O que fazer após o diagnóstico?

Ao receber um diagnóstico de câncer a impressão que se tem é que o mundo acabou. Um filme passa por sua cabeça e com certeza de todos os seus familiares e conhecidos. Com certeza um filme com final ruim! Mas, preste atenção, não deve ser assim! Procure informar-se sobre que profissionais procurar, busque médicos atualizados e competentes, mas que sobre tudo você tenha afinidade e sinta-se a vontade para esclarecer dúvidas e discutir assuntos pessoais ou questionamentos simples. Isto não é um detalhe! Afinal, a equipe que você decidir seguir acompanhará você, provavelmente por um longo tempo e quem sabe por toda a vida. O tratamento do câncer de mama é como subir uma escada com vários degraus. Num primeiro momento aparece que jamais você vais conseguir. Sensação natural, mas equivocada, pois com ajuda correta e os profissionais adequados servindo de corrimão e suporte, em um piscar de olhos, você estará no topo, sorrindo olhando para sua experiência vivida abaixo e dizendo passou, estou bem, cheguei a um final feliz!

E como funciona o tratamento?

Hoje o tratamento para o câncer de mama evoluiu muito e compreende uma abordagem multidisciplinar, contudo ainda a cirurgia é primordial no tratamento para o controle local da doença. Ao contrário do que se via no passado, atualmente são realizadas cada vez mais cirurgias conservadoras, sobretudo com o advento das cirurgias chamadas oncoplásticas. Estas permitem uma abordagem oncológica das mamas baseadas em técnicas de cirurgia plástica. Desta forma obtém-se um tratamento oncológico ideal com resultados estéticos satisfatórios, minimizando o prejuízo psicológico do tratamento, através da preservação da imagem corporal  e mantendo a paciente forte e de cabeça erguida para continuar as demais etapas de seu tratamento.

A radioterapia também possui um papel fundamental para controle local da doença. A quimioterapia, hormonoterapia e imunoterapia são as modalidades de tratamento sistêmico, que influenciarão a sobrevida da paciente, devendo ser considerados caso sejam necessários.

A ordem de realização de cada uma destas modalidades dependerá do momento do diagnóstico e das características de cada tumos e deverá ser muito discutido e esclarecida pelos seus médicos.

Não se deve esquecer que este tratamento deveria envolver um seguimento psicológico, fisioterápico e nutricional.

Caso a paciente tenha sido submetida a uma mastectomia, ou retirada completa da mama, a reconstrução da mama deve ser considerada como parte integral do tratamento, devolvendo não só auto-estima, mas sobretudo qualidade de vida para a paciente.

Um conceito moderno atualmente é o de assistente navegadora que é uma profissional que auxilia o mastologista a acompanhar suas pacientes conduzindo as mesmas pelas várias etapas do tratamento, diminuindo suas angústias e fazendo-a entender todas as fases por que está passando e, assim, permitindo-se ser melhor tratada.

Qual a idade das mulheres mais susceptíveis?

Com o envelhecimento celular, há a perda do poder da correção de eventuais erros genéticos que ocorrem diariamente durante nossa vida. Portanto a partir dos 35 anos ou mais precisamente entre os 40 e 60 anos a chance destas falhas de proteção ocorrerem aumentam e, então, o câncer na mama aparece com mais freqüência. Resumindo, maior é o risco conforme envelhecemos. Também nessa faixa etária o tecido da mama começa a ser transformado em gordura, o que favorece o diagnóstico de alterações pela mamografia. Esta é a razão deste exame ser indicado nesta faixa etária.

Se uma paciente tem um familiar com câncer de mama, ela deve ficar mais atenta?

O câncer de mama pode ter sua origem como um erro hereditário de 5 a 10% dos casos, quer dizer, genes com informações imperfeitas e que estimulam o câncer de mama e são transmitidos de pai pra filho como o que ocorre com os genes BRCA 1 e 2. Contudo existem um outro grupo de genes que podem estar relacionadas a alterações familiares que podem ocorrer em 15-25% das vezes. Portanto se uma mulher tiver alguém na família com câncer de mama deve ficar atenta, mas não quer dizer necessariamente que haja uma alteração genética familiar, pode ser um caso esporádico.

Considera-se maior o risco de mutações genéticas, devendo ficar mais atenta caso na sua família haja:

  • casos de câncer de mama ou ovário diagnosticados com idade menor de 50 anos
  • casos de câncer de mama bilateral
  • casos de câncer de mama em homem

Nestes casos seu mastologista provavelmente solicitará o apoio de um geneticista para auxiliar a esclarecer sobre a presença de uma eventual alteração genética.

O que é mastectomia preventiva ou redutora de risco? Essa prática é indicada? A que grupo se recomenda?

Há alguns poucos anos atrás o mundo assombrou-se com a decisão de Angelina Jolie, famosa atriz americana, optar por retirar ambas as mamas e seus ovários. Ela apresentava forte história familiar, confirmadamente tinha mutação genética dos genes BRCA e encontrava-se traumatizada pelo sofrimento sofrido por sua mãe, quem vira morrer devido o câncer de mama. Quando informado do teste genético positivo a atriz, símbolo sexual, não teve dúvida e optou pelas cirurgias redutoras de risco. Sim! O nome correto é cirurgia redutora de risco e não profilática, pois sempre haverá um risco de a doença surgir, reduzido é claro, mesmo após a cirurgia.

Existem dois grupos de mulheres que podem ser submetidas a esta cirurgia:

  • mulheres com mutação genética ou sabidamente com forte história familiar para o câncer de mama. Este grupo de mulheres tem um risco de desenvolver o câncer de mama em até 40% em 10 anos, com a cirurgia podem chegar a uma redução de risco de até 90%. Este é um grupo que mais se beneficia muita com a mastectomia redutora de risco, principalmente, se mulheres abaixo dos 40 anos. Quanto mais idade a paciente possui, menor o benefício protetor da mastectomia redutora de risco. No Hospital de Câncer de Barretos é feito o teste genético comercialmente a preços muito abaixo do mercado e com muita qualidade. Seu médico saberá o momento de indicá-lo.
  • o segundo grupo que pode eventualmente ser candidato a mastectomia redutora de risco são as mulheres que possuem câncer unilateral e desejam cirurgia para evitar a doença do outro lado. Há uma lenda popular referindo-se às mastectomias da mama oposta como protetoras e isto não é bem verdade! O risco cumulativo de uma mulher que teve câncer em uma das mamas, ter câncer do outro lado varia de 4-6%. A cirurgia para estes casos será responsável por reduzir o risco para novo câncer daquele lado, porém não muda a sobrevida da paciente, diretamente relacionada ao primeiro câncer. Recomenda-se que para este grupo sejam levadas em conta paciente menores de 50 anos e com a doença manifestando algumas características especiais que poderão ser esclarecidas pelo seu mastologista. Nestes casos especiais o ganho de sobrevida em 5 anos é de 4,8%. Em outras palavras uma grande quantidade de mulheres não se beneficia deste tipo de procedimento!

Se você pertencer ao segundo grupo, sem mutação, porém teve câncer unilateral e deseja, mesmo sabendo que seus benefícios de proteção serão pequenos, deverá dialogar exaustivamente com seu mastologista. Esta cirurgia não é livre de riscos e é irreversível, portanto todos os esclarecimentos possíveis devem ser feitos para que você tome uma decisão correta para sua vida. A paz mental que esta cirurgia pode te proporcionar tem um preço e você precisa estar preparada para vivenciá-lo.

O câncer de mama também afeta o homem? Qual a diferença do câncer nas mulheres?

O câncer de mama também acontece nos homens em 1% das vezes, sendo responsável 0,1% dos cânceres masculinos. Seu comportamento e tratamento é igual ao que usualmente é feito para as mulheres.

Qual o papel da reconstrução mamária?

A reconstrução mamária permite o resgate da auto-estima de uma paciente com cicatrizes duras de um tratamento ou quando pode ser realizada no mesmo momento da cirurgia radical ameniza um eventual trauma. São muitas as técnicas possíveis e o mastologista com experiência identificará as melhores opções para cada caso. No caso de pacientes com câncer de mama deve sempre ser considerada como parte integral do tratamento.

Qual a importância do outubro rosa?

O outubro rosa é uma iniciativa brilhante que acontece anualmente com o intuito de alertar nossa população para a existência do câncer de mama e sobre seu impacto na vida das mulheres, mas sobretudo visa orientar as pessoas sobre a importância de estarmos atentos a qualquer alteração notada nas mamas e sobre a importância de um diagnóstico precoce, principalmente através das mamografias em mulheres na faixa etária entre os 40 e 69 anos. Também informa a população da presença do médico mastologista para auxiliar a esclarecer quaisquer dúvidas referentes as mamas.

O câncer de mama é curável se diagnosticado no início!

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