Qualidade de vida de crianças e adolescentes asmáticos: sua relação com estratégias de enfrentamento materno
Resumo
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de crianças e adolescentes asmáticos, sua relação com variáveis sociodemográficas e clínicas e estratégias de enfrentamento materno.
Métodos: Estudo transversal no qual crianças e adolescentes com asma responderam a um questionário de qualidade de vida, e suas mães a uma escala de enfrentamento.
Resultados: Foram estudadas 42 crianças e adolescentes com idades entre 7 e 15 anos, sendo 74% classificados como tendo um quadro de asma persistente moderada/grave, 19% como persistente leve e 7% asma intermitente; 69% dos entrevistados apresentaram prejuízo na qualidade de vida, com escores médios variando de 4,7 a 3,5 e maior prejuízo no domínio sintomas (escore=3,6). Houve associação significativa entre escolaridade materna e índice geral de qualidade de vida, mas não entre gravidade da asma e tipo de enfrentamento materno. Grande parte das estratégias utilizadas pelas mães para enfrentar as crises do filho estava direcionada ao manejo de estressores ou práticas religiosas, estas com correlação negativa com o índice geral de qualidade de vida da criança, sinalizando que mães cujos filhos tinham pior qualidade de vida usavam mais enfrentamentos religiosos.
Conclusões: Crianças asmáticas, especialmente com asma persistente moderada/grave, apresentaram alterações significativas em sua qualidade de vida. A alta porcentagem de uso de estratégias religiosas por parte das mães, especialmente frente a quadros mais graves, parece indicar que elas se sentem impotentes para atuar, necessitando de orientações concretas e factíveis para uma população de baixa renda.
Palavras-chave: qualidade de vida; asma; enfrentamento; criança; adolescente.
Abstract
Objective: To evaluate the quality of life of asthmatic children and adolescents, its relation with sociodemographic and clinical variables, and maternal coping strategies.
Methods: Cross-sectional study in which children and adolescents with asthma answered a quality of life questionnaire, and their mothers did the same with a coping scale.
Results: Out of the 42 children and adolescents investigated, 74% were classified as having mild/severe persistent asthma; 19%, mild persistent asthma; and 7%, intermittent
asthma. A total of 69% of the participants showed impaired quality of life with mean scores ranging between 4.7 and 3.5, with greater harm in the domain of symptoms (score=3.6). There was a significant association between maternal schooling and the general index of quality of life, whereas maternal coping strategies were not associated with
the severity of asthma. A large number of strategies used by mothers to cope with their children’s crises were related to the management of stressors or to religious practices, and the latter presented negative correlation with the children’s quality of life general index, showing that mothers whose children had worse quality of life used more religious coping.
Conclusions: Asthmatic children, particularly those with moderate/severe persistent asthma, showed significant alterations as to quality of life. The high percentage of mothers using religious strategies, particularly in face of more severe clinical conditions, seem to indicate that they feel powerless to act, thus requiring concrete and useful orientation to low income families.
Key-words: quality of life; asthma; coping; child; adolescent.