Dúvidas

Doutor, o que pode provocar uma crise de enxaqueca?

O que causa a enxaqueca?

É uma doença crônica, recorrente, marcada por dor de cabeça e outros sinais/sintomas acompanhantes (náuseas, vômitos, sensibilidade aumentada para sons, odores e luz) sendo explicada principalmente por uma alteração no cérebro dos pacientes (os cérebros são mais sensíveis ao desenvolvimento da dor e aos fatores ambientais que desencadeiam as crises, como cafeína, bebidas alcoólicas e chocolate, além dos fatores internos, como estresse emocional), com forte predisposição genética (se ambos os pais tiverem migrânea, a chance de um filho apresentar essa doença é de 70-75 % e se apenas um dos pais tiver o diagnóstico, a chance do filho desenvolver a patologia cai para 45%).

Sabe-se que cada paciente possui peculiaridades próprias em relação a sua enxaqueca, inclusive, com diferenças no mesmo indivíduo em períodos distintos da vida (infância, adulta e terceira idade; períodos de estresse emocional), o que leva à necessidade da avaliação particularizada para se identificar os principais fatores desencadeantes da enxaqueca.

Dessa forma, é comum os pacientes perguntarem aos neurologistas quais são os alimentos que devem evitar consumir para não apresentarem uma crise de enxaqueca.

Quais são os desencadeantes mais comuns da enxaqueca?

  • Alimentos: uso excessivo de chocolate, compostos com glutamato monossódico (usado para realçar o sabor de alguns alimentos industrializados e na culinária chinesa), nitratos (presente em salsichas, bacon, presunto e outros alimentos industrializados), adoçantes (aspartame), tiramina (queijos envelhecidos, peixes defumados, vinho tinto e alguns tipos de cervejas), frituras, doces/confeitados, algumas frutas (abacate, banana, laranja, limão e figo) e alguns tipos de queijos (amarelos).
  • Uso de cafeína em excesso ou a parada abrupta do uso da mesma, em pacientes com habito de consumir de forma frequente essa substância. Podemos citar alguns tipos de bebidas que possuem cafeína em sua composição: café, chocolate, refrigerantes, “energéticos” e chá (mate e preto).
  • Uso de bebidas alcoólicas (por exemplo, vinho tinto).
  • Jejum prolongado ou deixar de realizar uma refeição costumeira.
  • Sono não reparador (insônia, dormir poucas horas por noite, má “higiene” do sono, síndrome da apneia obstrutiva do sono).
  • Medicações: a título de exemplo, o uso excessivo de analgésicos comuns (paracetamol, dipirona), anti-inflamatórios (p. ex. ibuprofeno, naproxeno), analgésicos com cafeína, triptanos (p. ex. sumatriptano, naratriptano), anticoncepcionais orais combinados (contendo derivados da progesterona e estrogênio), além de compostos com nitrato (usados para tratar dor no peito ou angina).
  • Exercício físico extenuante.
  • Mudança de altitude (viagem de avião, mergulhos em aguas profundas ou escalar montanhas).
  • Extremos de temperatura e umidade (ambientes quentes e úmidos, quentes e secos e ambientes frios).
  • “Cheiros fortes” (p. ex. alguns tipos de perfumes e produtos de limpeza doméstica).
  • “Barulhos intensos” (p. ex. máquinas usadas em construção civil e música alta).
  • Desidratação.
  • Traumatismo craniano.

Em decorrência da grande variedade de estímulos desencadeantes da enxaqueca, é necessário realizar o “diário de cefaleia”: documento onde serão anotadas as datas das crises de dor, as características delas, a presença de fatores desencadeantes, a fase do ciclo menstrual em mulheres, a presença de sintomas prodrômicos e/ou posdrômicos (que antecedem ou sucedem a dor, respectivamente), sintomas associados (p. ex. náuseas ou vômitos), medicações utilizadas e respostas à terapêutica das crises, para a correta identificação do estímulo, de forma que o neurologista possa orientar a maneira adequada de evitá-lo.

Referências Bibliográficas

  1. Zaeem, Z., Zhou, L., & Dilli, E. (2016). Headaches: a Review of the Role of Dietary Factors. Current Neurology and Neuroscience Reports, 16(11), 101.
  2. Karli N, Zarifoglu M, Calisir N, Akgoz S. Comparison of pre-headache phases and trigger factors of migraine and episodic tension-type headache: do they share similar clinical pathophysiology? Cephalalgia 2005; 25:444-451.
  3. Chabriat H, Danchot J, Michel P, Joire JE, Henry P. Precipitating factors of headache: a prospective study in a national control-matched survey in migraineurs and nonmigraineurs. Headache 1999; 39:335-338.
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